Campina Grande não está somente envolvida na disputa pelo título de Maior e Melhor São João do Mundo, em um confronto não anunciado com Caruaru/PE, mas também em uma briga de gigantes entre dois de seus filhos: Treze e Campinense representam uma das maiores rivalidades do futebol paraibano.
Em 2024, uma novidade promete manter viva a disputa entre as equipes, em um confronto que vai além de títulos e troféus. No Parque do Povo, as lojas da Raposa e do Galo, lado a lado, disputam torcedores e clientes. Quem levará a melhor?
Suelen Cruz, de 32 anos, torcedora do Campinense e vendedora da loja da Raposa, garante que seu time sai ganhando, vendendo e lucrando mais do que a concorrente.
“Ficamos com dúvida no começo, a respeito da aceitação, porque o pessoal vem com o intuito só de festa. Mas está mostrando uma diferença bem grande e bacana em questão de vendas. Tenho certeza de que é o Campinense que está vendendo mais”, finalizou rindo.
Para Suelen, a loja é uma oportunidade de levar o futebol da cidade para outros locais. “Achei bem interessante ter os dois times, mostrando que temos clubes muito fortes em Campina Grande e na Paraíba. É bom trazer isso para que o pessoal saiba que temos outras coisas que levam nossa Paraíba mundo a fora”, comentou.
Para atrair clientes, além de itens como camisas e copos, a taça conquistada pela Raposa, quando foi campeã do Nordeste em 2013, foi levada até a loja, de fato convidando os torcedores, que entram aos montes no local para beijar e tirar foto com o objeto.
É o caso de Josemi Nobre, torcedor rubro-negro que aproveitou para contar sobre o dia em que seu time conquistou a taça: “Foi quando eu parei de beber em jogo. Pensei ‘ou eu vou beber para aguentar ou vou tomar Rivotril’. Nesse dia, tomei 5 [doses de Rivotril] durante o jogo. O povo falava ‘tu vai morrer’ e eu mostrava a ambulância passando e falava ‘olha aí como está quem não toma’. Quando terminou o jogo, estava bem calmo”, disse rindo.
Ao lado, a loja do Treze convida seus torcedores com objetos que levam suas cores e símbolos, como ecobags, camisetas, copos, chaveiros e itens de decoração. Paulo Guimarães, diretor de Patrimônio adjunto do Galo, contou que a ideia de colocar uma loja do time no Parque do Povo não é recente: “Há algum tempo a nova diretoria tinha esse intuito, mas não conseguiu pelo espaço. Este ano, com a ampliação, a Prefeitura gentilmente cedeu o espaço para a loja. Agora já pegou, todo ano no São João vai ter a loja do Treze!”
Aluska, vendedora da loja do Treze, afirmou que as vendas estão melhores do que o imaginado, comentando também sobre estar ao lado da rival rubro-negra: “Isso mantém a rivalidade entre os dois times, que, querendo ou não, é muito importante para a cidade. Se não existisse o Treze, não existiria o Campinense, apesar dessa rivalidade – que a gente busca que seja saudável, sem guerra e briga. É algo muito bom essa disputa e é o que impulsiona o futebol”, compartilhou.
Lucas, torcedor do Galo e natural de Campina Grande, atualmente mora em Fortaleza e aproveitou o São João para vir com sua família revisitar a cidade. “Quando vi a loja do Treze corri direto para cá”, disse. Lucas aproveitou para comprar uma camisa do time do coração, para guardar a memória da viagem.
O torcedor falou também sobre a rivalidade entre os maiores times da Rainha da Borborema: “A loja estar ao lado do Campinense mantém a rivalidade em dia, acrescentando para o futebol do Estado. O turista que vem tem a opção de ir em um ou no outro, de gostar de um ou do outro, acho que é muito saudável nesse sentido”, comentou.
O Treze pode usar o argumento de possuir mais vitórias em Clássicos dos Maiorais, de ter sido o primeiro campeão invicto do Paraibano (em 1966) e de ter chegado mais longe na Copa do Brasil (nas quartas de final, em 2005). O Campinense, por sua vez, pode se orgulhar de ter mais títulos do Paraibano, de ter participado mais vezes da Série A do Brasileirão e de ter levado para casa a taça da Copa do Nordeste em 2013. Mas, se há algo que os times podem comemorar juntos, é por estarem no Maior São João do Mundo, representando o futebol do Estado em uma rivalidade saudável e marcante.
*Repórter Junino
Reportagem: Nathália Aguiar
Fotografia: Gabryele Martins
Edição: Gabryele Martins