Surgido em 1922 no alto sertão pernambucano, o ritmo do xaxado, que homenageia os cangaceiros, é a paixão do Grupo Maria Lampião.
Formado em 2013 por mulheres comuns, que se transformam no período junino em Maria Bonita, o Grupo mistura os nomes de grandes personagens do imaginário popular.
“Eu amo esses nomes, a junção deles e a força por trás dos personagens. Sempre fui apaixonada por cultura, quadrilhas e, movida por esse amor, montei o Maria Lampião. O ritmo do xaxado é lindo, é envolvente, por isso é o mote do Grupo. Foi muita luta para mantê-lo tanto tempo em atividade, sem apoio. Amo ver as pessoas felizes com nossas apresentações, me deixa muitíssimo contente”, explica a coordenadora Cleide Belizário.
O grupo é composto por treze mulheres de Campina Grande, incluindo enfermeiras, vendedoras, cabeleireiras e empresárias. Juntas, elas mostram a força da mulher nordestina e a sua representatividade na dança.
Exemplo disso é a empresária e cabeleireira Ruth Elisabeth, que há 8 anos vê a dança como terapia:
“A dança é meu amor, me tira as angústias e me torna uma mulher empoderada. Conheci o grupo, me apaixonei pela proposta de levar o xaxado pela Paraíba e isso melhorou minhas dores pessoais, e me deu um lazer maravilhoso em junho. Às vezes, na correria da nossa agenda, corto cabelo vestida de Maria Bonita”, declara.
Para que as apresentações aconteçam, é preciso que a dança seja ensaiada. Rômulo Carlos, coreógrafo, fala do processo de montagem coreográfica e sua paixão pela dança:
“Eu me inspiro em vários grupos. Escuto todas as músicas e daí crio o que pode virar movimento em cena. Crio a temática e, depois, passo para as meninas. A coordenadora escolhe o figurino e daí faço o meu espetáculo na parte da dança. Aliás, há 9 anos, a dança se tornou algo muito importante pra minha vida. Quando estou dançando, coreografando, sinto a cura nos meus problemas pessoais através dela”, compartilha.
Com o amor e a paixão pelo forró e pelo xaxado, o Grupo Maria Lampião mantém as raízes da nordestinidade viva através das coreografias e figurinos, mas principalmente pela força dessas mulheres guerreiras e artistas que levam arte e cultura em Campina Grande, na terra do Maior São João do Mundo.
Fonte: Repórte Junino